Aproximei-me de ti;
e tu,
pegando-me na mão,
puxaste-me para os teus olhos
transparentes como o fundo do mar
para os afogados. Depois, na rua,
ainda apanhámos o crepúsculo.
As luzes acendiam-se nos autocarros;
um ar diferente inundava a cidade.
Sentei-me nos degraus do cais,
em silêncio.
Lembro-me do som dos teus passos,
uma respiração apressada,
ou um princípio de lágrimas,
e a tua figura luminosa
atravesasndo a praça
até desaparecer.
Ainda ali fiquei algum tempo,
isto é,
o tempo suficiente
para me aperceber
de que, sem estares ali,
continuavas a meu lado.
E ainda hoje me acompanha
essa doente sensação que
me deixaste como amada
recordação.
Nuno Júdice
simplesmente, o meu poema preferido.